Prestações da casa e rendas estão em alta, mas os salários não acompanham. Há quem tema perder a casa para o banco, revela estudo.
O desequilíbrio entre a falta oferta e a elevada procura têm sido o principal responsável pela subida dos preços das casas para comprar e arrendar em Portugal. Acontece que as casas atingiram valores incompatíveis com o rendimento médio dos portugueses, o qual ainda está pressionado pelo alto custo de vida e juros nos créditos. E há mesmo quem vive numa casa arrendada e tenha receio de não ver o contrato de arrendamento renovado. Embora em menor percentagem, também há quem esteja em vias de deixar de pagar o empréstimo habitação e perder a casa para o banco.
Estas são as conclusões do inquérito levado a cabo pelo Portal da Construção Sustentável entre 21 de setembro e 6 de novembro de 2023, que contou com 1.079 participantes. Dos 34% inquiridos que vivem em casas arrendadas em Portugal Continental e ilhas, cerca de três em cada quatro admitem ter receio de não ver o contrato de arrendamento renovado, razão pela qual consideram ter a sua habitação em risco.
O que também salta à vista é que, por outro lado, dois em cada três inquilinos admitem que, em breve, terão de encontrar uma casa com renda mais baixa. Isto porque muitas famílias que vivem em casas arrendadas pagam elevadas rendas, sendo o intervalo mais expressivo entre 400 e 600 euros mensais. “Isto significa que haverá em muitos casos, um esforço financeiro grande por parte dos agregados para manterem os seus compromissos contratuais”, conclui o estudo.
Além disso, “o valor das rendas não se apresenta compatível com o rendimento médio dos portugueses” que, neste estudo, se situa com um rendimento de agregado familiar, numa percentagem de 33,3%, entre 700 euros e 1.200 euros.
Há famílias em risco de deixar de pagar crédito habitação e perder a casa
No que toca ao pagamento de empréstimos para comprar casa própria, 49% dos entrevistados dizem ter possibilidade de continuar a cumprir o compromisso, numa altura em que as mensalidades das prestações da casa estão entre 400 e 600 euros para um em cada três participantes.
Contudo, 13% dos inquiridos admite estar em vias de deixar de pagar o empréstimo e, consequentemente, perder a casa onde vivem (apesar de haver vários apoios para evitar esta situação, como a bonificação dos juros ou a fixação da prestação durante dois anos).
“Já para a maioria de famílias portuguesas que têm a casa paga, esta constitui o único e mais importante ativo, a sua maior riqueza, fruto de uma poupança acumulada ao longo de anos de muitos sacrifícios”, destaca o portal em comunicado.
Neste contexto, a maioria dos portugueses inquiridos considera que em Portugal há muitas casas disponíveis, “o problema é estarem a preços insuportáveis para os ordenados que se praticam”. E, sobre este ponto, Aline Guerreiro, arquiteta e fundadora do Portal da Construção Sustentável, lembra ainda que “Portugal possui um vastíssimo património edificado que abre grandes possibilidades à reabilitação, uma vez que muitos edifícios carecem de intervenção. Há casas, não estão é em condições de serem habitadas. Pois, nem as habitadas estão”.
“É claro que é crucial acelerar os licenciamentos e dinamizar o mercado de arrendamento, mas mais importante ainda é aumentar a oferta em todos os segmentos do mercado residencial, sobretudo para as classes mais baixas”, recomenda ainda Aline Guerreiro.
fonte: https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2024/01/12/61042-rendas-altas-e-baixos-salarios-portugueses-temem-perder-a-casa